GESTÃO DE PROCESSOS E OS NOVOS RUMOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
por Fernanda Monteiro
Objeto de estudos acadêmicos em todo o mundo, o tema Processo
encontra, na literatura, diversas definições. Apesar de cada uma carregar alguma
nuance, todas mencionam, essencialmente, atividades e recursos capazes de
transformar determinadas entradas (insumos) em saídas (produtos), com objetivo de
agregar valor.
Descrito dessa maneira, o conceito acaba por remeter o leitor à
ideia de linha de
produção industrial. E faz todo sentido, já que essa foi a origem do termo. Contudo,
não demorou muito para que teóricos da Administração compreendessem que a Gestão de
Processos também traria ganhos de eficiência quando aplicada ao fornecimento de
serviços. Isso fez, então, com que o assunto logo ganhasse destaque em todo o mundo
empresarial.
Na Administração Pública, o conceito de eficiência começa a
aparecer durante as
Reformas Gerenciais da década de 80. Em resposta à crise fiscal vivida naquele
momento, alguns líderes mundiais decidem experimentar práticas do setor privado na
Administração Pública. No Brasil, esse modelo ganhará força no ano de 1995, com a
chegada de Fernando Henrique à presidência. Aumentar a eficiência da máquina
pública, orientá-la para a prestação de serviço ao cidadão e promover a
transparência eram alguns dos objetivos do movimento inaugurado naquele tempo e que
predomina até os dias de hoje.
É, nesse contexto, que despontam as inúmeras estruturas
dedicadas ao estudo e
aplicação da Gestão de Processos na Administração Pública atual. Em cada uma delas,
sejam formais ou informais, existem servidores empenhados em promover entrevistas
com colegas de outras áreas e explorar as singularidades do processo de trabalho por
eles executado. Em seguida, são desenhados diagramas com a finalidade de registrar
cada documento gerado, cada normativo a ser observado e cada atividade realizada sob
a responsabilidade de determinado ator do processo. Essa dinâmica acaba por resultar
em, ao menos, dois interessantes desdobramentos.
Uma vez diagramados os processos de trabalho, é possível
divulgá-los aos servidores.
Com eles em mãos, ficam mais nítidos, por exemplo, os pontos de contato entre o
trabalho desempenhado por áreas que se entendiam totalmente distintas, mas que, na
verdade, eram interdependentes. Nesse mesmo caminho, surgem também debates sobre a
melhor forma de executar a operação, o que, muitas vezes, leva os envolvidos a
sugerir alterações de normativos, e propor a desburocratização pregada no Modelo
Gerencial.
O segundo ponto a se destacar é que, ao desenvolver soluções
para sua própria
dinâmica de trabalho, a instituição é capaz de estabelecer padrões, monitorar suas
operações e perseguir suas metas. Dessa forma, ganha-se maturidade organizacional.
No serviço público, isso sinaliza também uma guinada na direção da prestação de
contas e da transparência.
Ao expor essas ideias, se torna inegável o lugar de importância
da Gestão de
Processos nos novos rumos. Por meio dela, não só o Governo do Estado do Rio de
Janeiro, mas a Administração Pública como um todo, pode encontrar soluções mais
eficientes para a prestação do serviço público e melhorar a entrega ao cidadão.